Bem-vindo ao Portugal Sobrenatural. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
1.646
Total de mensagens
13.497
Total de tópicos
2.874
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.
Decidi partilhar com todos o prologo de um livro que escrevo. Ainda não esta terminado e poderá sofrer alterações. Espero que gostem

A lua já ia alta e a noite de um frio cortante. Naquele bosque apenas se ouvia o vento a passar pelas árvores despidas de folhas, cujos ramos faziam lembrar membros de cadáveres secos. Não se ouvia o som de nenhum animal. Tudo estava em silêncio. Apenas as sombras das árvores se moviam devido à neblina que se atravessava à frente da lua, fazendo com que estranhas silhuetas se formassem nas árvores.
Por entre o bosque erguia-se uma velha mansão cercada por um alto muro com um forte portão de ferro. Não havia a presença de ninguém fora da mansão, apenas umas câmaras de vídeo vigilância se encontravam espalhadas pelo jardim. No meio do jardim, existiam uma fonte esculpida por Agesandro, Polidoro e Atenodoro, com o tema “A Morte de Laocoonte”.
Pelas janelas da mansão via-se uma figura caminhando por entre as sombras de um corredor escuro e apenas iluminado pela luz natural da noite, desenhando no chão os contornos das umbreiras das três janelas. Os rostos sombrios dos quadros que decoravam a parede vitoriana forrada a tecido verde e dourado pareciam seguir o caminhar daquela figura que se deslocava rapidamente e a passos firmes em direção a uma porta dupla. Uma luz fraca surgia por debaixo dela, dividindo-a do chão. De ambos os lados erguiam-se dois anjos de olhar agressivo e de formas corporais definidas, que apontavam as suas espadas a quem estivesse de frente para a porta elegantemente trabalhada, como que a pedir a identificação.
Ao aproximar-se da porta, rodou o puxador dourado e cheio de ornamentos de forma lenta e firme. A porta rangeu à medida que era aberta. Para lá desta, surgia uma mesa grande redonda com sete poltronas à sua volta. Sentados estavam outras figuras que trajavam mantos escuros encapuzados, os quais lhe tapavam os rostos. Apenas uma estava vazia e foi tomada pelo recém-chegado.
A madeira a arder na grande lareira com motivos renascentistas, providenciava a fraca iluminação ao salão. Sob a mesa estavam sete cálices de ouro com um rubi encrostado e voltados para o centro da mesa. No centro, encontrava-se uma estranha caixa negra com inscrições em enoquiano, a língua dos anjos.
Houve silêncio durante um momento, como se todos estivessem a entrar num ponto de concentração coletivo antes de iniciar o que quer que ali se fosse passar. Depois, um dos membros se endireitou na cadeira e falou com os demais, num tom de voz grave e de autoridade que enchia o salão.
- Amanhã iniciaremos a caminhada final para um novo ciclo de vida na humanidade. Seguiremos meticulosamente cada detalhe do plano e não há espaço para nenhum erro. Tudo tem de ser perfeito. Hoje, louvaremos o nosso mestre e senhor do mundo, pelas forças, riqueza e poder que nos tem dado, para executar a sua vontade.
Ditas estas palavras, todos se levantaram e assim permaneceram em frente à mesa. A porta abre-se novamente. Desta vez entram dois indivíduos robustos a usar roupa escura de operações especiais, com uma semiautomática no coldre à cintura. Traziam por braços uma rapariga jovem e morena, envergando um vestido branco e decotado, que apesar de estar acordada, mostrava sinais de estar drogada por algum sedativo que a deixava sem reação no corpo.
A rapariga foi colocada em cima da mesa bem no meio. Sem se conseguir mover, o corpo dela foi elevado numa espécie de altar que se erguia do meio da mesa. De seguida, as sete figuras subiram para a mesa com bastante agilidade, levando consigo os cálices e colocando-os em cima do altar.
Apesar de estar sedada, a jovem conseguia ter breves momentos de lucidez. Conseguia ver por cima dela um olho enorme dentro de um pentagrama e ao seu redor sete vultos, que agora seguravam nas mãos uma adaga. Ela não precisou de estar bastante lúcida para perceber qual seria o seu fim. À medida que pressentia que se aproximava a hora da sua morte, estranhas sombras voavam em círculo em torno dela, como se de abutres se tratassem para devorarem os seus restos mortais. Por breves instantes podia jurar que essas sobras possuíam caras demoníacas.
A adrenalina daquele momento fazia com que o seu coração acelerasse e bombeasse sangue para todos os membros do corpo. Mas, antes que pudesse ter capacidade para reagir com algum tipo de movimento, uma dor dilacerante invadiu o seu peito. Uma das adagas cravara-se no seu peito sendo novamente removida. De seguidas as restantes seis foram cravadas, uma após uma, do mesmo modo.
Num ápice, todos os momentos da vida daquela jovem passaram adiante dos seus olhos. Não sentia mais o seu corpo, mas, sentia-se agora a ser puxada por aquelas criaturas demoníacas que voavam sobre ela, prontas para lhe devorar a alma.
As sete figuras seguravam agora os cálices que eram enchido pelo sangue daquela vítima, que escorria pelas frechas especialmente criadas para o efeito. Uma vez cheios, ergueram os cálices e em enoquiano saudaram o seu senhor das trevas.
Quando terminaram de beber, um após um ia abandonando o salão, até ficar somente o corpo da jovem já sem vida, sem a luz nos seus olhos verdes, esquecidos para toda a eternidade.
Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível.


Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível.

A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia.
(Albert Einstein)